Pouco mais de um ano após a publicação da RBAC-E94 (Regulamento Brasileiro de Aviação Civil Especial nº94) norma que regulamenta o uso de drones no Brasil, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) autorizou o primeiro projeto de Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada (RPA) do país. Com essa aprovação, o RPAS Arator 5B, desenvolvido pela fabricante XMobots, passa a ser o único drone do território nacional autorizado a realizar voos acima de 400 pés (121 metros), condição que representa um marco para o setor.
A solenidade que marcará a finalização deste processo de autorização de projeto será realizada em São José dos Campos no próximo dia 8 de junho, às 10h, na sede da ANAC.
Desde a publicação da RBAC-E94, em 3 de maio de 2017, 41.338 drones foram cadastrados no Sistema de Aeronaves não Tripuladas (SISANT). No entanto, esses equipamentos não necessitam de autorização de projeto da ANAC desde que operem em condições de voo VLOS (Visual Line of Sight) abaixo de 400 pés e com raio de alcance de 500 metros. Essas condições limitam a cobertura de apenas 50 hectares por voo, área muito aquém das demandas profissionais exigidas pelos mercado. Então, uma opção é a operação EVLOS (Extended Visual Line Of Sight). Mas, ela exige além do piloto outros cinco observadores para mapear uma área de 300ha.
Com a autorização de projeto da ANAC, esse RPA poderá mapear por voo uma área de até 800 hectares. Isso abre novas oportunidades para o setor, principalmente com relação ao custo de mapeamento.
Autorização do projeto pela ANAC
Giovani Amianti, CEO da XMobots, explica que o processo de autorização do projeto de drone do Brasil teve início em 8 de junho de 2017. O processo envolveu o trabalho de 13 profissionais da empresa, incluindo 5 engenheiros e 8 técnicos. Assim, ao longo de um ano, o cumprimento às exigências da ANAC envolveu desde inúmeras revisões de projeto, processos, manuais e relatórios técnicos, até desafios aparentemente simples que se revelaram significativamente complexos como a incorporação de iluminação capaz de ser vista a uma distância de 2km exigida pelo regulamento.
“Foram cerca de 9600 horas gastas neste processo incluindo desenvolvimento de engenharia, ensaios de laboratório, ensaios de solo e ensaios de voo. Um trabalho realmente intenso que mobilizou boa parte da empresa. Muito mais que um reconhecimento por todos esses esforços, esta autorização de projeto abre portas para o setor. Ela serve de incentivo para que outros fabricantes também busquem essa autorização para seus equipamentos. Enfim, essa profissionalização trará mais segurança para as empresas fabricantes, usuários e demais beneficiários da tecnologia”, ressalta Amianti.